- por cthom
Fraqueza, falta de fé, coisa de gente que não tem o que fazer … muitas vezes, é isso o que ouve uma pessoa que está com depressão. E o pior: quase sempre ela mesma concorda com este absurdo e demora muito a pedir ajuda.
Mas, não é assim. A depressão é um doença clínica. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, a depressão é um transtorno mental frequente. Em todo o mundo, estima-se que mais de 320 milhões de pessoas, de todas as idades, sofram com esse transtorno.
O Brasil é o segundo país da América a ter mais casos de depressão, com 5,8% da população, atrás apenas dos Estados Unidos, com 5,9%. É a principal causa de incapacidade em todo o mundo e contribui de forma importante para a carga global de doenças. As mulheres são mais afetadas que os homens e, no pior dos casos, pode levar ao suicídio.
As pessoas que sofrem com depressão são dominadas por pensamentos negativos que afetam a imagem que têm de si mesmas. Vivem um sentimento de profunda desesperança que leva à paralisia e à impossibilidade de tocar o presente ou pensar no futuro. A pessoa se sente desprezível, fraca, perdedora.
Depressão é muito diferente de tristeza. Ficar triste, de vez em quando, faz parte da vida. Quando estamos tristes, porém, seguimos “funcionando” – ou seja, conseguimos trabalhar, manter nossas relações, cuidar de nós mesmos e dos outros e até buscar algo que amenize nossa dor. E, de repente, passa. Na depressão, ao contrário, a pessoa está sempre triste e perde sua funcionalidade: não tem vontade, muitas vezes, de levantar da cama, de trabalhar, alimentar-se ou mesmo tomar um banho. Quer ficar ali, fechada em si mesma, sem a esperança de que tudo vai passar.
Quem diagnostica a depressão é o psiquiatra. E só ele que pode receitar medicações para minimizar os sintomas dos casos mais moderados ou severos. A psicoterapia, como a Psicanálise, é altamente indicada. Ainda que, muitas vezes, o depressivo não queira conversar ou mesmo sair de casa, é um momento em que, com a ajuda do analista, será possível mergulhar em si mesmo, tentando identificar as causas que fizeram a depressão surgir. E olhar essa causa, reconhecê-la e elaborá-la, é um importante passo para a cura. Um poder que nenhum remédio tem.
No mais, faço uma recomendação: eu sei que não é fácil olhar nossas angústias, medos e inquietudes. Nossa tendência é “varrê-los pra debaixo do tapete” e fazer como diz Zeca Pagodinho, “deixar a vida me levar”. Mas quando reprimimos estes sentimentos negativos, além de não resolvê-los, estamos os agravando, tornando-os mais forte. E uma hora, quando menos esperamos, eles ressurgem como se dissessem: “Lembra de mim?”.